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30 de mai. de 2013

CAIO: UM RATO EM CARBÓPOLIS


Imagem: deviantART

Caio era um solitário rato que vivia em ambientes subterrâneos, com pouca iluminação e baixa ventilação.     Quando não suportava mais a estafa, adormecia nos interstícios do esgoto cloacal de uma movimentada  metrópole, um aglomerado urbano que se formou em torno de Carbópolis.

O nome da cidade já denunciava o seu alto grau de poluição ambiental pela presença excessiva de dióxido de carbono e outros gases tóxicos que pairavam na atmosfera, emitidos pelos mais variados tipos de indústrias e automóveis que se deslocavam de forma caótica, em meio a uma selva de pedra, dando origem a uma paisagem desoladora e nebulosa.

Durante a noite Caio trespassava para a área externa aos seus aposentos com o intuito de se divertir. Ele tinha se tornado um rato alcoólatra e viciado em drogas desde que se deparou com a obscura realidade de Carbópolis. 

Caio veio do interior onde tinha muitos amigos e trabalho. Mas resolveu tentar a sorte numa cidade maior, pois era um rato otimista e imaginava que teria variadas possibilidades estando em um grande centro urbano.

No entanto, ao chegar em Carbópolis percebeu que a competição era muito acirrada e que aquilo era um reduto de mazelas, corrupção, desigualdade e violência. A população de ratos era enorme. A maioria deles vivia ali por muitos anos. Tinham nascido na cidade e, portanto, desenvolveram uma experiência e um conhecimento sobre aquele universo que Caio não possuía.

Os ratos nativos não gostavam de Caio. Dessa forma, ele passou a viver isolado. Todas as suas tentativas de conseguir emprego foram frustradas. Aquela cidade era estranha, nem um pouco receptiva e acolhedora. Tudo parecia incomodar Caio: o ar pesado, aquelas paredes de concreto, aquele barulho infernal, sua família que estava longe, sua cabeça que doía, seu estômago que roncava...

Caio desiludido com tudo começa a beber. Bebia muito! Tomava cachaça pura e acordava na sarjeta. Resolveu roubar padarias, mercados e outros estabelecimentos comerciais para saciar sua fome. Depois, influenciado por ratos nativos, começa a fumar crack, pois era a droga mais barata que existia.

Após cinco anos sobrevivendo neste submundo marginal, em condições sub-ratanas, Caio morre, pois seu organismo não aguentava mais aquela avalanche de drogas constantes, álcool, fumo... Ele estava deteriorado! Seu corpo foi encontrado próximo a uma boca de lobo em uma das principais avenidas da cidade.

No outro dia, após sua morte, seus familiares, que tinham perdido o contato com Caio, estavam assistindo televisão na pacata cidade de Queijolândia quando passou uma notícia de que um rato tinha morrido de overdose e que aquela situação estava se tornando comum nas grandes cidades. Na breve nota ele foi tratado como um indigente e o seu nome não foi divulgado. Sua imagem estava tão degradada que nem o seu próprio pai conseguiu lhe reconhecer, e comentou: “essa juventude está perdida, só querem saber de drogas! Trabalhar que é bom ninguém quer!”

Alguns anos mais tarde informações extraoficiais chegaram até a população afirmando que o governo estava investindo em uma política para reduzir o número de desempregados, desajustados e inválidos, incentivando o uso do crack, através de programas falsos que fingiam estar combatendo sua disseminação. Mas até hoje nada foi confirmado.



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